quarta-feira, 16 de julho de 2008

Raspas e Restos não Interessam


Reproduzo na íntegra o excelente texto do jornalista Rodrigo Mattar, que resumiu em seu blog, a angústia dos cariocas amantes do automobilismo perante o descaso da CBA com o nosso autódromo de lindas histórias e grandes vitórias.

Uma pena que esse local hoje abriga dois elefantes brancos. Um que virou foco de dengue e o outro reservado para shows e eventos corporativos.

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No fim de agosto e início de setembro, o Autódromo de Jacarepaguá (ou melhor, o que restou dele) receberá a Stock Car com a “Corrida do Milhão” e a GT3 Brasil. A maior categoria do automobilismo brasileiro e o campeonato dos carros mais espetaculares estarão finalmente no Rio de Janeiro em 2008.

E aí vai acontecer o de sempre, desde que a CBA cruzou os braços e entregou os pontos na luta para manter a pista em funcionamento - uma batalha da qual fui um defensor ferrenho até perceber que infelizmente perderíamos Jacarepaguá.

Pois bem: se daqui a um ano e quatro meses, o Rio de Janeiro for escolhido a sede dos Jogos Olímpicos de 2016, já era. Podem esquecer parte da história do nosso automobilismo, porque ali não haverá mais pista nenhuma.

Aí é que mora o perigo. A CBA aceitou a parada, com o compromisso de que a cidade tenha um novo autódromo. Essa “nova pista” seria em Deodoro, região militar na Zona Oeste do Rio, pra lá da Avenida Brasil - um dos únicos acessos para o bairro, além do trem da Central. E ninguém fala nada: há terreno para isso? Existe um arremedo de projeto? A quem caberia a responsabilidade de manter o aparelho esportivo?

Jacarepaguá podia perfeitamente estar de pé, como estava até 2004, ano do último evento internacional na cidade - o GP de Moto. Mas a ambição desmedida de uma meia-dúzia de dirigentes lamentavelmente não tem limites, e a pista, que um desses cidadãos investiu para reformar, não existe mais como era. O que há ali é um arremedo ridículo de autódromo e muito me admira as categorias nacionais se sujeitarem a competir ali. O que não me admira é a passividade da CBA e da FAERJ, na figura dos seus presidentes, Paulo Scaglione e Djalma Faria Neves, que deixaram tudo acontecer diante dos seus olhos.

E que, por favor, no fim de semana da Stock, não me venham com historinhas de novo autódromo e novo projeto. Não dá pra agüentar mais tanto conto da carochinha. O esporte aqui passa pela situação mais vergonhosa de sua história.

Senão vejamos: o que fizeram com Goiânia, que ano passado virou palco de micareta e o asfalto foi detonado?

Brasília está aos cacos, o asfalto jamais foi trocado, a pista é maravilhosa mas falta segurança.

Cascavel sofre há anos com ameaças de venda. Londrina tem um traçado apertado, estreito e espremido num terreno próximo ao estádio do Café. Guaporé é um traçado simpático, mas incipiente para eventos de grande porte.

Tarumã é uma bela pista, tem um traçado veloz, mas não se pode fazer nenhuma reforma ali por conta do terreno. A curva 1 dá para um barranco! E em Santa Cruz do Sul, foi construída uma pista que remonta aos anos 60 / 70 em termos de segurança.

E no Nordeste, falta estrutura para os circuitos de Caruaru e Fortaleza, os dois únicos na região.

Por isso é que, com muito boa vontade, aliás, restam apenas Interlagos e Pinhais como circuitos para receber eventos FIA. O Rio receberia a vistoria de um emissário da entidade, mas o mesmo foi enxotado e proibido de entrar em Jacarepaguá.

Quem esses moços pensam que são?

E o respeito a um esporte que tem oito títulos mundiais na Fórmula 1, cinco vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis, títulos a rodo na ChampCar, na IRL, Fórmula 3, 24 Horas de Le Mans, FIA GT e outras categorias de menor porte? Onde fica?

Quer dizer que se o Rio não for escolhido, é com aquilo lá que jaz em Jacarepaguá que o automobilismo brasileiro vai ficar?

Chega! Raspas e restos NÃO nos interessam.

Texto: Rodrigo Mattar - A mil por hora

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Informou: Cevada Buster TM

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