sexta-feira, 2 de março de 2007

Reflections about Formula 1 Pre-Season Tests


O campeonato já está para começar e chegou a hora de eu, Rodrigo Meira, mero observador e fã desse apaixonante esporte começara a dar meus dar alguns palpites. Os testes pré-temporada, plenos de indícios, também são bastante capciosos, redobrando os cuidados ao analisar o desempenho aparente de cada equipe.

O caso da Red Bull, que no dia da visita do patrão colocou o sofrível RB3, com Coulthard ao volante, na ponta certa dos tempos do dia é exemplar do tipo de equívoco que uma leitura superficial pode provocar. Mas apesar da incrível façanha, Dietrich Mateschitz está de cabeça quente. Ele sabe que o carro está bem longe de ser competitivo e suas equipes têm consumido uma fortuna. Coulthard baixou a bola. Webber, recém-chegado, já reclama e demonstra dor-de-cotovelo ao falar do antigo time. Como cabeças têm que rolar, a equipe rescindiu seu acordo com Anton Stipinovich, chefe do departamento de pesquisa e desenvolvimento, contratado a peso de ouro um ano atrás. Adrian Newey costuma fazer carros de aerodinâmica extremada, que “escolhem” onde vão forte. Lembro do March, rebatizado Leyton House (que ainda seria caso de polícia), que, mesmo com um motor menos potente, em duas ou três pistas era um foguete, fazendo a alegria de Capelli e Gugelmim. Para vencerem, seus bólidos delicados sempre contaram com equipes de sólida vanguarda tecnológica, como a Williams de então e a McLaren.

Não é o caso da Red Bull, que embora erguida sobre os restos da Jaguar (por sua vez, erguida sobre os restos da Stewart), é um time muito verde. Montaram uma seleção, mas não tem padrão de jogo.Com um chassi igual andando na Toro Rosso, é possível que consigam identificar alguns problemas mais rápido, mas colocar quatro carros pra correr custa ao menos duas vezes mais.
Como o assunto é dinheiro, gastar é coisa de que a Toyota entende. Os anos vão passando e a equipe continuamente na mediocridade. Com a dupla Jarno Trulli e Ralf Schumacher, tem o pior custo-benefício-piloto do grid.Como sempre sem novidade, são os primeiros a lançar o carro, que de saída já é ruim e os pilotos, para amenizar ainda falam em “equipe nova”, coisa que não cola mais faz tempo. Mas calma com as críticas: até o fim do campeonato ainda devem lançar mais uns dois carros novos e aí sim vocês vão ver como é que dá para gastar dinheiro nesse mundo.
A Honda parece meio perdida, já esteve perto do grupo da frente, mas entra em pane na hora de dar o passo final. O carro novo não entusiasma e com isso Jenson Button não deve conseguir mais que no ano passado. A nova abordagem do seu departamento de marketing é o maior atrativo até agora.
No time das que contam, a BMW vem cobrando seu espaço. Trabalhando com os suíços em plena harmonia, contam com duas das mais poderosas ferramentas à disposição da Fórmula 1: um poderosíssimo supercomputador e um enorme túnel de vento, capaz de reproduzir diversas situações de corrida. Assim, juntando essas duas máquinas e o departamento de competição em Munique, estão dando passos rápidos rumo ao grupo da frente. Sorte de Nick Heidfeld, que dia desses quase perdeu a chance de continuar correndo, e que agora vai poder disputar para valer. Seu parceiro, estrela em ascensão, parece confirmar as suspeitas de que teria problemas com os novos pneus, coisa que seus tempos, constantemente inferiores aos de Nick, têm demonstrado.

A situação de igualdade dos pneus ressalta a qualidade da Ferrari, que tem tudo para ser o destaque nas primeiras provas. Seu carro parece muito rápido e confiável, além de bem equilibrado, no que fica claro o acerto do polêmico aumento da distância entre eixos na F2007.Massa está forte e concentrado, não parece se incomodar com a pressão de correr pelo título e poderá mesmo sair campeão. Kimi é bom, mas não é Schumacher, e a luta deverá ser muito equilibrada. Há que se testar os novos estrategistas, uma vez que irão substituir nada menos que Brown e Todt, e é difícil esperar que a equipe melhore aí.

Acredito também que em várias ocasiões Lewis Hamilton vai dar uma canseira em Alonso, mas é o espanhol que conhece todas as pistas e essa vai ser uma vantagem determinante.McLaren e Ferrari serão dois times com quatro pilotos muito rápidos, e como os carros têm demonstrado boa resistência, as corridas prometem disputas excelentes.
A Renault, sem Alonso, está sob suspeita. O carro parece bom, como de costume, mas os pilotos ainda não convencem. Kovalainen andou batendo e não tem se destacado, Fisichella continua naquela, você sabe qual. Não dá para ser muito otimista com os bicampeões.A Williams está fazendo um trabalho interessante, agora que tem um certo suporte da Toyota, embora no lançamento do FW29 a equipe nem tenha mencionado o nome dos japoneses, o que deixa margem pra alguma especulação sobre a profundidade da relação.
Para a Williams, no entanto, é muito possível bater o time oficial do fabricante do motor, o que, sem sombra de dúvida seria uma ótima conquista para o ameaçado time inglês.O carro parece confiável, mas a musculatura financeira costuma fazer valer sua força no decorrer da temporada e na corrida pelo desenvolvimento. A Williams precisa arrumar mais dinheiro, se não quiser terminar mais um ano melancolicamente.
Massa vai correr para ganhar, terá carro e autorização para isso, Rubens terá um ano decisivo, tem de recuperar sua velocidade ou partir pra outra.Ainda acho Fernando Alonso o favorito. Embora considere a Ferrari o melhor carro, acho que o espanhol faz a diferença e, numa temporada equilibrada, sua constância deverá valer dobrado.


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